domingo, 26 de maio de 2013

Contribuição das ideias de Bauman à formação docente



A escrita deste texto faz parte de uma atividade proposta pela Prof° Marie Jane, da disciplina Ensino e Identidade Docente, ministrada na UFRGS na FACED em 2013/01. O processo de reflexão está baseado na entrevista realizada com Zygmunt Bauman a qual está publicada na revista Cadernos de Pesquisa, v. 39, n° 137, p. 661-684, maio/ago, 2009.
A prática docente tem intrigado a muitos pesquisadores, sejam eles pedagogos, filósofos, sociólogos, psicólogos, entre outros. A contribuição de Bauman para o exercício da docência passa por algumas reflexões, dentre elas a da não existência de um tipo de conhecimento único e imutável e a das constantes mudanças impetradas na sociedade que tal autor denomina como modernidade líquida.
“No mundo mutável da modernidade líquida, onde dificilmente as figuras conseguem manter a sua forma por tempo suficiente para dar confiança e solidificar-se de modo a oferecer garantia a longo prazo (...), caminhar é melhor do que ficar sentado, correr é melhor que caminhar e surfar é melhor que correr. As vantagens do surf estão na rapidez e vivacidade do surfista; por outro lado, o surfista não deve ser exigente ao escolher as marés e deve estar sempre pronto a deixar de lado suas habituais preferências”. (p. 664).
O autor traz que, atualmente, a importância da relação seja esta com o conhecimento, seja com as pessoas, está calcada na rapidez e fluidez do contato. As questões que interpelam as relações são, então, percebidas e trabalhadas a partir do indivíduo, longe de processos de corresponsabilização, pois em nome das idiossincrasias temos nos constituído, a partir de uma perspectiva individualista. Respeitar as singulares tornou-se condição primeira para criarmos uma sociedade na qual buscamos “soluções privadas para problemas derivados da sociedade e não soluções derivadas da sociedade para problemas privados”. (p.665). Ressalto que respeito o que seja próprio de cada sujeito, mas não há como ignorar o Outro existente em mim e o Outro na relação comigo que me faz existir. É preciso reconhecer e resgatar o que há de nós cada indivíduo. Acredito que isto é perceber sua própria história, e nisto passa a fazer sentido a deuteroaprendizagem da qual Bauman se refere.
Portanto, o autor, ao usar a construção coletiva no processo de ensino-aprendizagem e o cuidado do professor em não “imputar aos estudantes a responsabilidade de determinar a trajetória” (p.670) de tal processo, contribui com a construção de um novo paradigma do que seja um sujeito competente: “trata-se de não adaptar as capacidades humanas ao ritmo desenfreado das mudanças do mundo, e sobretudo de tornar o mundo, em contínua e rápida mudança, mais hospitaleiro para humanidade”. (p. 680). Neste sentido, acredito que a ideias de Bauman contribuam para como tenho refletido acerca da minha formação docente, bem como de que maneira conduzirei o exercício da profissão.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Nos tempos líquido-moderno a necessidade da formação docente para a compreensão dos jovens é importante. A cada época traz uma marca no caso atualmente é a falta de interesse em o que aprender na escola? o que ensinar? o que se deseja para o futuro?

    PS. a postagem no twiiter deu erro no seu blog pois aparece o html e não o llink.

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  3. Oi Tyrone,

    Obrigada pela dica!! Vou tgentar arrumar, pois o twitter é algo novo para mim.

    Quanto às perguntas que me fizeste, sinceramente, não tenho respostas!! Mas acredito que uma possibilidade seja começarmos por mudar o discurso, desde de a questão que professor não é valorizado, ao daquele que afirma que os jovens não aprendem e que eles não têm família...

    Precisamos é dar visibilidade às boas práticas e aos bons alunos, como aquele estudante de esteio que mora embaixo de uma ponte e quer ser médico.

    Acho que pode ser um começo...

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